quarta-feira, 7 de novembro de 2012

VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK, por Francisco Souto Neto e Lúcia Helena souto Martini.

 
 
Livro: REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
R.IHGB, Rio de Janeiro, a. 173, n. 455, pp 11-300, abr./jun. 2012
Assunto: Visconde de Souto, Fazenda Bela Vista e Capela Mayrink
Por: Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini
Páginas: 73 a 89
Observação:
A publicação chama-se "Revista..." mas é, efetivamente, um livro, tanto na forma quanto no conteúdo. Circulando regularmente desde 1839 (portanto, com quase 174 anos), ainda época do 1º Reinado, é uma das mais longevas publicações do mundo ocidental. O artigo de Francisco Souto Neto e Lúcia Helena, é parte do livro Visconde de Souto - Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro Imperial, ainda inédito. Adiante, vai a cópia fiel do texto publicado e, depois do mesmo, serão encontradas as páginas de 73 a 89 da própria "Revista".
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Título:
VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK
Autores:
Francisco Souto Neto
Lúcia Helena Souto Martini
Resumo
Narra episódios da biografia de António José Alves Souto, visconde de Souto (1813-1880), primeiro banqueiro privado no Brasil. Descreve a Fazenda Bela (ou Boa) Vista, comprada pelo visconde de Souto do espólio do conde de Gestas. Registra a história da construção de uma capela em 1850, a mando do visconde, hoje conhecida como Capela Mayrink, nome do seu último proprietário. Conta a trajetória da capela através dos séculos XIX, XX e XXI, passando por sua desfiguração e decadência, e pela restauração e preservação nos dias atuais.
Palavras-chave: Visconde de Souto ; Fazenda Bela Vista ; Fazenda Boa Vista; Capela Mayrink; Floresta da Tijuca; Quebra do Souto

Abstract
António José Alves Souto, viscount of Souto, born in Portugal, was the first private banker in Brazil. At the Tijuca he owned a farm, “Bela Vista”, sometimes called “Boa Vista”, where he ordered the construction of a little chapel, now a days known as “Capela Mairynk”, beeing Mairynk the family name of its last owner.
Key-words: Viscount of Souto; Capela Mayrink; Fazenda Bela Vista; Fazenda Boa Vista; Tijuca; bankrupt

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VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK





     O português António José Alves Souto, visconde de Souto (Porto 1813 – Rio de Janeiro 1880), foi o primeiro banqueiro particular de que se tem notícia no Brasil. Residia no bairro carioca de São Cristóvão, na "Chácara do Souto", localizada na Rua do Campo Alegre (hoje Ibituruna). Num dos extremos da propriedade mantinha um jardim zoológico, cuja entrada se fazia pela Rua Nova do Imperador (agora Mariz e Barros) por um caminho que ganhou o nome de Rua do Souto (atualmente Senador Furtado). Sua casa bancária, A. J. A. Souto & Cia., popularmente conhecida como Casa Souto, que rivalizava com o Banco do Brasil em carteira de depósitos, localizava-se na Rua Direita (hoje Primeiro de Março). Diversos autores afirmam que a Casa Souto foi a primeira casa bancária do país. Um deles é Pedro Calmon, na sua consistente obra em sete volumes, História do Brasil, que registra: "[...] Souto, Dovey & Benjamin, depois denominada Alves Souto & Cia., foi a primeira casa bancária do Rio de Janeiro, lembraria ‘O Futuro’ de 15 de novembro de 1862". (CALMON, 1963, v. 5, ed. 2, p. 1731).



O Visconde de Souto. OST de A. R. Duarte, 1890 (detalhe). Acervo da
Beneficência Portuguesa – Rio de Janeiro. Foto por gentileza de Ney O. R. Carvalho.


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Adolfo Morales de los Rios Filho, no livro Rio de Janeiro imperial, ao referir-se aos bancos e casas bancárias criados durante o Segundo Reinado, escreveu:
Bastante importante foi o estabelecimento bancário denominado "Casa Souto", que girava sob a razão de A. J. Alves Souto & Cia. Fora fundada em 1834, pelo português Antônio Alves Souto, e estava instalada na Rua Direita. Subsistiu até 1864. (MORALES DE LOS RIOS FILHO, 1941, p. 206).
     A Casa Souto foi fundada em 1833, não em 1834, e nessa época não era ainda conhecida pelo seu nome popular. 1834 foi o ano em que, por sugestão de Joseph Maxwell, Souto associou-se a Dovey, criando a empresa Souto & Dovey. No ano seguinte, com a entrada de Benjamin na sociedade, constituiu-se a Souto, Dovey & Benjamin, na qual, como na anterior, Souto era majoritário. A essa época, embora ainda corretor e não banqueiro, Souto começou a realizar operações bancárias, mas só em 1838, com a saída de Dovey e Benjamin da sociedade, o escritório passou a ser conhecido como "casa bancária Souto", que serviria de modelo a todas as outras casas congêneres prestes a nascer.
     De 1838 a 1858 a Casa Souto funcionou como "um banco de um homem só". Machado de Assis, afirmou em A Semana de 25 de junho de 1894, citado por Gustavo Franco no livro A Economia em Machado de Assis – O Olhar Oblíquo do Acionista:
Conheci um banqueiro... Era no tempo em que um homem só, ou com outro, podia ser banqueiro, sem incomodar acionistas, sem gastar papel com estatutos, sem dividendos, sem assembléias. Simples Rothschilds. Era banqueiro e voou na tormenta de 1864. (FRANCO, 2008, p. 165).
     Ao falir em 10 de setembro de 1864, episódio historicamente conhecido como "Quebra do Souto" ou "Crise do Souto", arrastou outros bancos e cerca de cem empresas. Segundo Ney O. R. de Carvalho...
...o visconde de Souto foi o protagonista central da mais grave crise econômica do império. A falência de sua casa bancária, com perto de 10.000 credores e passivo equivalente à metade da dívida interna bruta da época, foi um terremoto econômico que abalou seriamente a praça do Rio de Janeiro. (CARVALHO, 1995, p. 54).
     A mando de dom Pedro II, uma comissão de inquérito foi instituída para apontar as causas da Quebra do Souto, tendo sido o visconde inocentado em 1865 e formalmente reabilitado em 1869. Sua falência foi um fato tão inesperado que Arthur Azevedo escreveu: "Supor naquele tempo que o Souto quebrasse era o mesmo que acreditar na quebra do Pão de Açúcar". (AZEVEDO, 1974, p. 113-114).
     Desde sua falência, o visconde de Souto foi citado, em maior ou menor profundidade, em cerca de seiscentos livros, quer como personagem do seu tempo, quer como protagonista da Quebra do Souto. Dentre as centenas de autores dessas obras, vale mencionar Afonso Arinos, Arthur Azevedo, barão do Rio Branco, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Manes Bandeira, Eduardo Bueno, Gilberto Freire, José de Alencar, Lima Barreto, Luís Viana Filho, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Ney O. R. Carvalho, Pedro Calmon, Raymundo Faoro, Ruy Barbosa, Sérgio Buarque de Holanda, Teófilo Ottoni, Victor Viana, visconde de Mauá, Werneck Sodré, Wilson Martins.
     No ano de 1850, então rico e poderoso, o comendador, depois visconde de Souto, comprou uma fazenda de café no Alto da Boa Vista, local hoje ocupado pela Floresta da Tijuca. Já se tratava de uma propriedade histórica que pertencera a Aymar Marie Jacques Gestas, o conde de Gestas (França 1786 – Niterói 1837). Antes de Gestas, essas terras eram parte da sesmaria de Salvador Correia de Sá e que, por sucessão, passaram em 1568 aos viscondes de Asseca, família em que permaneceram por cerca de dois séculos e meio.
     Affonso d’Escragnolle Taunay, no livro História do café no Brasil, revela:
Gestas saíra da França na primeira infância levado por uma tia, também emigrada, para fugir à guilhotina: a condessa de Roquefeuil. Vieram ambos para o Rio de Janeiro onde D. João VI os acolheu com grande simpatia e ficaram no Brasil até a morte. O conde de Gestas e sua tia foram os primeiros fazendeiros de café na Tijuca e ali tiveram assaz grandes lavouras. (TAUNAY, v. 5, t. III, 1939, p. 84).
     O livro O Sol do Brasil, de Lília Moritz Schwarcz, confirma as visitas de dom João VI à Fazenda Bela Vista: "Acima da Cascatinha, o conde de Gestas – um amigo de Taunay – plantava café e frutas. Sua residência bem cuidada recebia frequentes visitas de D. João, que parecia gostar da região". (SCHWARCZ, 2008, p. 267). O historiador Carlos Manes Bandeira, na obra Parque Nacional da Tijuca, conta que anos depois também dom Pedro I passou a frequentar a Fazenda Bela Vista:
[...] O conde [de Gestas] mandou vir da Normandia vacas-leiteiras e mudas de fruteiras, produziu manteiga e cremes frescos (produtos extremamente raros no país), inclusive o creme de chantilly. Plantou e colheu magníficos morangos, vindos dos morangais de Plogastel (França), aclimatou macieiras, pereiras e vinhas, também de Plogastel. [...] O imperador d. Pedro I e a imperatriz d.ª Leopoldina eram amigos do conde e frequentavam o seu sítio, motivo pelo qual o conde mandou colocar um alto mastro sobre um morro lateral à Pedra do Conde, onde fazia subir a bandeira Imperial Brasileira todas as vezes em que os imperadores ali chegavam. O local ficou conhecido como "Alto da Bandeira" ou "Morro da Bandeira", como permanece até hoje. [...]. (BANDEIRA, 1994, p. 68).
     Em 13 de maio de 1823, Gestas casara-se com Alexandrine Françoise Maria du Plessis Parscault, marquesa de L’Espéroux, que se tornou condessa de Gestas pelo casamento. No dia 17 de abril de 1824, ano em que comprou a ilha do Viana, nasceu o filho Pèdre-Marie-Aymar, o futuro segundo conde de Gestas e marquês de L’Espéroux. Os imperadores foram seus padrinhos de batismo.
     No ano de 1830, o conde de Gestas pediu demissão do seu cargo de cônsul geral da França no Rio de Janeiro com o propósito de se dedicar inteiramente à Fazenda Bela Vista. Entretanto, contrariando seus próprios planos, passou a interessar-se muito mais pela ilha do Viana, onde mandou erguer armazéns, oficinas e estaleiros para a construção de pequenas embarcações. Erigiu também ali uma residência para si e sua família. Em 27 de setembro de 1835 morreu a tia, condessa de Roquefeuil. Desgostoso, o conde de Gestas fechou a casa-sede da Fazenda Bela Vista e foi residir definitivamente na Ilha do Viana com a esposa e o filho.
     Em 28 de julho de 1837, Gestas morreu afogado num naufrágio quando rumava para a ilha onde residia. A Fazenda Bela Vista, às vezes também chamada de "Boa Vista", foi leiloada por Frederico Guilherme, mas não há registros de quem a tenha arrematado. O documento seguinte é datado de 1850 e comprova ter António José Alves Souto adquirido essa mesma propriedade, mas nele não consta o nome de algum intermediário entre Gestas e Souto.
     Há outros autores que, face à ausência de documentos mais específicos, afirmam que a fazenda (ou fazendola, chácara, ou sítio – conforme denominações usadas pelos historiadores), após alguns anos de tramitação do inventário, teria passado do espólio de Gestas diretamente ao Souto.
     Em 1850 a residência estava bastante deteriorada, mas Souto mandou restaurá-la para ali passar os domingos com a família.
[...] A propriedade compunha-se de casa de vivenda; casa assobradada para pretos; moinho d´água para moer trigo; casa para preparação do café com estufa; máquina de descascar, com jogo de seis pilões, movido por água; uma plantação de 30.000 pés de cafeeiros, para cima, porém que necessitam de trato; pomar, pessegueiros, amoreiras e macieiras. (FERREZ, 1972, p. 49).
     Desde a vinda de dom João VI com a corte portuguesa em 1808, o Rio de Janeiro passara a expandir-se. As matas circundantes começaram a ser devastadas, e as árvores derrubadas para servir de lenha e carvão. A flora das encostas das montanhas também foi destruída para o plantio de café. Com isso ocorreu um sério comprometimento das nascentes dos rios. Preocupado com a falta d’água que afetava a capital imperial, em 1861 dom Pedro II mandou reflorestar toda a região desmatada, pondo fim às plantações de café e dando origem à hoje conhecida Floresta da Tijuca, a maior floresta do mundo em área urbana. Foi a primeira reconstituição da cobertura vegetal com espécies nativas de que se tem notícia no Brasil, uma louvável atitude para um tempo em que a palavra "ecologia" ainda não havia sido criada.
     A erradicação da cafeicultura e o reflorestamento da região não representariam grande prejuízo para o Souto, cuja principal fonte de renda era a casa bancária de sua propriedade, a Casa Souto. A Fazenda Bela Vista passou a ser então uma propriedade para lazer e entretenimento da família do visconde e seus amigos.
     Manes Bandeira empreendeu estudos a respeito das dimensões da Bela Vista, afirmando, com base num mapa estampado em Pioneiros da cultura do café na era da independência (FERREZ, 1972, p. 56-57), que a área da fazenda do conde de Gestas era de 11 alqueires fluminenses e 5/8, as mesmas medidas das terras compradas décadas depois pelo conselheiro Mayrink, o último proprietário. Segundo Manes Bandeira, isso prova tratar-se da mesma fazenda que passou, sem alterações nas suas dimensões, pelo visconde de Souto, conde de Bonfim, barão de Mesquita e Francisca Elisa de Mesquita (BANDEIRA, 1994, p. 67). A Fazenda Bela Vista estendia-se desde acima da queda da Cascatinha da Tijuca até o monte hoje conhecido como Pedra do Conde, situado ao norte, e expandia-se pelo lado oeste até a construção denominada "o Barracão", agora sede administrativa do Parque Nacional da Tijuca.
     O mapa referido por Manes Bandeira e Ferrez, mostrando o Alto da Tijuca e arredores, cujo título é Mappa do sitio do Sr. Souto, pertence ao acervo do Arquivo Nacional. Desenhado e assinado por J. A. R. Pereira, Rio de Janeiro, 1855, dezoito anos após a morte de Gestas, mostra que a Estrada do Imperador se bifurcava em "Caminho para a caza de Souto" e "Caminho para a caza de Taunay". Somente em 1888 a propriedade foi vendida ao conselheiro Mayrink, o que vem a comprovar que as palavras "Terrenos pertencentes ao conselheiro Francisco de Paula Mairinck [sic]" escritas no mapa sobre a área da Fazenda Bela Vista, foram acrescentadas cerca de 40 anos depois da feitura do documento.
     A famosa queda d’água conhecida como Cascatinha da Tijuca, pertencia ao Sítio da Cascatinha, da família Taunay. O topo da cascata, entretanto, era parte da Fazenda Bela Vista, propriedade do visconde de Souto.
     Os nomes de alguns pontos da topografia da atual Floresta da Tijuca foram alterados no decorrer das décadas e dos séculos. A Pedra do Conde, por exemplo, recebeu tal nome porque estava dentro da propriedade do conde de Gestas. De 1850 a 1864, passou a ser conhecida como Pedra do Souto. Alberto de Sousa Costa, em Amor 1º, o cruel: romance d’uma "carioca", de 1926 (repetido por Jacinto do Prado Coelho em O Rio de Janeiro na literatura portuguesa, de 1965), cita a Pedra do Souto ao descrever a Tijuca da metade do século XIX, quando era uma serra onde se plantavam árvores frutíferas e café, e começava a sofrer os efeitos do desmatamento, da erosão e do assoreamento, antes de a região ser transformada em floresta para a proteção das nascentes:
Os fundos quietos, com suas densas massas de arvoredo – mangueiras, coqueiros, palmeiras, bananeiras, laranjeiras, todas as espécies misturadas, todas as formas confundidas – tornaram-se vastos pântanos sombrios onde a vida mergulha e se afoga. A meio das vertentes – a do morro "do Meireles", a da "Pedra Grande", a do "Pico da Tijuca", a da "Pedra do Souto" – troncos e ramagens são turbas de filhos do pecado fugindo às águas negras do dilúvio. (COSTA, 1926, p. 32-33; COELHO, 1965, p. 223-224).
     Ao que tudo indica, depois que o Souto vendeu a fazenda para o conde de Bonfim, o morro voltou a chamar-se Pedra do Conde, como nos tempos do conde de Gestas, e assim permanece.
  
     Embora a Chácara do Souto, em São Cristóvão, residência principal da família, contasse com uma capela, o visconde resolveu mandar construir outro pequeno templo nas terras da Fazenda Bela Vista, consagrando-o a Nossa Senhora de Belém, da qual era devoto. Erguido ao lado do casarão, que não mais existe, o oratório é hoje conhecido como Capela Mayrink.


Capela Mayrink. Foto Sílvia Maria Pinheiro Grumbach, agosto 2009.
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     No livro Parque Nacional da Tijuca, Carlos Manes Bandeira dá mais detalhes a respeito da Fazenda Bela Vista e da Capela Mayrink:
[...] Em 1864 o visconde foi à falência com sua casa bancária, vendendo a propriedade para José Francisco Mesquita (barão, visconde, conde e marquês de Bonfim). O local então passou a ser conhecido como "Alto do Mesquita", indo do topo da Cascatinha até à cancela de Midosi, um pouco acima do "O Barracão", no final da Estrada do Imperador. Com o falecimento do conde de Bonfim, herdou a fazenda Jerônimo José de Mesquita, barão de Mesquita, que a administrou até 1886, quando faleceu, deixando a propriedade para sua filha Francisca Elisa de Mesquita. Em 1888 Francisca a vendeu ao conselheiro Francisco de Paula Mayrink, que fez uma ampla reforma na propriedade e na capela. [...] Em 1897 a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, através do termo lavrado em 18 de maio de 1897, adquiriu a propriedade para nela instalar uma captação de água. Foi a última desapropriação. (BANDEIRA, 1994, p. 104).
     O autor prossegue, referindo-se à trilha que levava da Estrada Velha à casa e capela do Souto: "Começa na curva superior da Estrada do Imperador, a cavaleiro do Largo da Cascatinha, e sobe até quase em frente à Capela do Mayrink, sobre o leito da Antiga Estrada aberta pelo visconde de Souto". (1994, p. 137).
     A história da capela da Floresta da Tijuca vem sendo contada em livros, jornais e revistas. O livro Vida e obra do conselheiro Mayrink, escrito por seu neto, Mayrink Lessa, dá ricos pormenores a respeito da capelinha: "Não havia no Rio de Janeiro um mini-templo mais encantador. O imperador e a imperatriz muitas vezes iam ali para respirar o ar da mata e fazer orações. A casa grande criou fama em toda a cidade" (LESSA, 1975, p. 204). Desde Gestas e do visconde de Souto até ao conselheiro Mayrink, ficaram os registros de que a fazenda foi sistematicamente visitada por três gerações de soberanos no Brasil: dom João VI, dom Pedro I e dom Pedro II.
     É Lessa quem continua explicando:
Como disse, foi construída por Alves Souto em 1851, junto ao casarão da chácara da floresta que um ano antes comprara. Mas a sua verdadeira história só começa em 1860 com um batizado famoso que a escritora D.ª Therezinha L. de Oliveira, em artigo publicado em "O Globo", no ano de 1970, atribui a frei João do Amor Divino Caneca. Não deve ser o famoso frei Caneca da História, herói da Confederação do Equador, morto em 1825, muitos anos antes portanto. Além disso, chamava-se este Joaquim e não João. Em 1864, por falência do Souto, passou, como foi dito, a pertencer seguidamente a várias pessoas da família Mesquita. [...] Em 1888 foi vendida a propriedade completa ao conselheiro Mayrink, cujas vistas se voltaram logo para a capelinha [...] (LESSA, 1975, p. 206).
     Souto construiu a capela em 1850, e não em 1851, e o religioso mencionado era Frei João do Amor Divino Costa, nascido João Eustáquio da Costa em 1830, e não Frei João do Amor Divino Caneca. Franciscano, teve importante atuação no meio eclesiástico, e faleceu em 1909. Segundo anotação em diário de José António Alves Souto, o quarto filho do visconde, foi capelão também do oratório particular na Chácara do Souto.
     Não raro, autores escrevem, erroneamente, que a Capela Mayrink teria pertencido aos primeiros donos da propriedade, os viscondes de Asseca e o conde de Gestas, como se lê em Tijuca de rua em rua, publicado em 2004:
A pequena Capela Mayrink, do começo do século XIX, depois de passar por vários proprietários como o visconde de Asseca, o conde de Gestas, o visconde Alves de Souto e o conde de Bonfim, recebeu o nome do último proprietário, o conselheiro Francisco Paula Mayrink. (ROSE; AGUIAR. 2004, p. 28).
     É sabido e documentado que a capela em questão não foi construída no começo do século XIX, e não "passou" pelo visconde de Souto, mas foi mandada por ele erigir. O ano de 1860 vinha equivocadamente inscrito ao centro da estrela branca de oito pontas que existe no frontão do oratório. Na verdade o Souto mandara construir a capela em 1850, ao mesmo tempo que executava a reforma do casarão ali existente. A data incorreta permaneceu inscrita no frontão até os primeiros anos do século XXI, quando foi corrigida por iniciativa da museóloga Ana Cristina Pereira Vieira, Coordenadora de Cultura do Parque Nacional da Tijuca.
     Um problema para a História do Brasil é o das informações distorcidas divulgadas em livros antigos, os quais serviram de base às pesquisas feitas nas décadas posteriores, sendo equivocadamente perpetuadas em novos livros. Tal é o caso da obra A floresta da Tijuca, escrita por Raymundo Ottoni de Castro Maya, diretor do parque florestal no biênio 1943-1944, quando naquele lugar ocorreram restaurações de sítios, casas e caminhos, sob a administração do prefeito Henrique Dodsworth. Em que pese a dedicada atuação de Castro Maya e a sensibilidade demonstrada no texto do seu livro e nas belas fotografias de Humberto e José Moraes Franceschi que o ilustram, causa espanto constatar que o diretor da Floresta desconhecia a história da Capela Mayrink, ainda que tenha ilustrado seu livro com uma fotografia do exterior e três do interior do oratório. Castro Maya atribui a construção do pequeno templo à baronesa de Rouhan, que ele grafa "Rouan":
[...] O antigo sítio da Cascatinha foi todo remodelado. [...] Faz-se um romance em torno da Capela de Mayrink, que é relativamente recente: provavelmente da segunda metade do século XIX, construída no sítio da Baronesa de Rouan que mais tarde veio a pertencer ao Conselheiro Mayrink. (MAYA, 1967, p. 30).
     A baronesa de Rouhan, citada por Castro Maya, era casada com o almirante de Beaurepaire. O casal comprou, por volta de 1810, uma área fronteira à propriedade de Gestas, na colina à esquerda da Fazenda Bela Vista, a qual, após a morte do almirante, foi vendida em duas partes pela baronesa viúva: o "Sítio do Almirante" e o "Sítio do Francisco". Em prol da verdade histórica e da exatidão dos fatos, é oportuno reafirmar que a Fazenda Bela Vista foi propriedade, respectivamente, do conde de Gestas, visconde de Souto, conde de Bonfim, barão de Mesquita, Francisca Elisa de Mesquita e conselheiro Mayrink. Jamais pertenceu à baronesa de Rouhan, e o Souto foi quem mandou construir a capela.
     O livro História das ruas do Rio de Janeiro, de 1954, tem 350 páginas. Anos depois, em 1965, quando o autor Brasil Gerson ampliou a sua obra para 580 páginas, alterou ligeiramente o título da nova edição para História das ruas do Rio, sem o "de Janeiro". Tornaram-se, portanto, dois livros diferentes. Na edição ampliada Gerson mencionou a "capela do Mayrink" sem aludir ao visconde de Souto. Num raro exemplo de elegância, rigor e respeito à História, ao lançar em 1970 O ouro, o café e o Rio, acrescentou-lhe um apêndice, justificando-se:
Difícil que seria agora mais uma edição da "História das ruas do Rio", que, com o "sertão" e os subúrbios chegou a 580 páginas, que se aproveite esta oportunidade para algumas correções e acréscimos nela necessários, especialmente sobre a Tijuca e o Andaraí. [...] E antes que seja tarde: a capela tida como do Mayrink (vide pag. 453) já existia em 1860, segundo pesquisa recente do "Guia Rex", na chácara que fora inicialmente do visconde Antônio Alves Souto, que não figurava na relação dos titulares do Império brasileiro. (GERSON, 1970, p. 147 e 153).
     A propósito, o visconde de Souto realmente não figurava – e não figura – na relação dos titulares do império, pelo fato de ter sido visconde pelo reino de Portugal e não pelo império do Brasil. Pelo mesmo motivo, o Almanak Laemmert deixou de mencioná-lo durante as décadas em que publicou os nomes dos titulares, bem como na relação "Grandes do Império", onde aparecem em ordem alfabética todos os marqueses, condes, viscondes e barões agraciados com tais títulos pelo soberano do Brasil.
     Mayrink Lessa conta o episódio da decoração da capela por Portinari na primeira metade do século XX:
Moradores da região, mediante nova subscrição, encomendaram ao grande artista Portinari painéis religiosos do próprio punho para o interior do templo. Resultaram daí as quatro telas que no recinto se encontram. Em 16 de julho de 1944, o cardeal D. Jaime de Barros Câmara, celebrou ali missa solene, inaugurando oficialmente o mini-santuário. As quatro telas de Portinari são: Nossa Senhora do Carmo e o Menino; São Simão Stock; São João Batista da Cruz, na parte superior do altar e uma visão do purgatório na parte inferior. Tirados de modelos vivos, levou o pintor à tela a figura de sua irmã Inês, como Nossa Senhora; seu filho, como o Menino Jesus; seu irmão, como São João da Cruz, o grande místico; e seu pai como São Simão Stock, a quem Nossa Senhora entregou o escapulário. (LESSA, 1975, p. 208).
     Não são conhecidos registros do aspecto original da capela à época em que foi concebida pelo visconde de Souto. Entretanto, um episódio ocorrido em 1985, pôs nas mãos de Francisco Souto Neto, um dos autores deste artigo, precioso documento que muito provavelmente é a mais antiga imagem da hoje denominada Capela Mayrink. Naquele ano, no Rio de Janeiro, Souto Neto dirigiu-se ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no Palácio Gustavo Capanema, para tratar do andamento da proposição que fizera pelo tombamento do Cemitério São Francisco de Paula, mais conhecido como Cemitério do Catumbi, onde estão sepultados os viscondes de Souto, dentre outros grandes vultos do Segundo Reinado. Na ocasião, o arquiteto Umberto Nápoli, que tratava do assunto durante a gestão de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, disse casualmente a Souto Neto que nos arquivos havia uma gravura da casa do visconde de Souto na Fazenda Bela Vista. Retirou-se por alguns minutos e ao retornar trazia a cópia xerox possivelmente de uma litografia, que mostrava o casarão. Ao lado, um pouco ao fundo e atrás do arvoredo, via-se a parte superior da fachada de um oratório. Como a gravura priorizava a fachada da casa, a identificação da capela ficou no terreno da suposição, embora tudo indicasse tratar-se da hoje Capela Mayrink, o que seria comprovado anos mais tarde.


 
Mansão do Visconde de Souto na Fazenda Bela Vista. Atrás do arvoredo, à
esquerda, a capela (hoje Mayrink). Possível litografia, sem autor identificado.
Acervo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

     Ao longo do tempo a capela vem sofrendo interferências na estrutura. Ao que parece, o conde de Bonfim a reformou em 1865, logo que comprou a Fazenda Bela Vista da massa falida do visconde de Souto. Também restaurou-a o conselheiro Mayrink ao adquirir a propriedade em 1888. Depois da desapropriação feita pelo governo da nascente república, o pequeno templo caiu no esquecimento. Na década de 30 do século XX a construção estava próxima da ruína quando recebeu uma reforma, concluída em 1938.
     Em 1943 Raymundo Ottoni de Castro Maya assumiu a administração da Floresta da Tijuca por um biênio, disposto a embelezar a construção. Entretanto, e infelizmente, efetuou grandes e incorretas alterações na capela, a seu bel-prazer e sem nenhum rigor histórico. Embora fosse um mecenas dedicado, praticou descaracterizações na Capela Mayrink e fez reconstruções inadequadas em outros prédios da floresta. Para servir como sacristia, mandou construir um anexo na lateral do oratório, dando-lhe a forma de um "L" invertido. As janelas em semicírculo foram retiradas e o templo recebeu outras, redondas.

Capela Mayrink com o frontão pintado de azul e com a sacristia que lhe
dava a forma de um “L” invertido. Foto Francisco Souto Neto, fevereiro 1969.
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     Apesar desses equívocos, Castro Maya também efetuou bem-vindas inovações, como a aquisição de telas de Portinari para o altar. Para adornar os nichos da fachada obteve duas estátuas de mármore, a Fé e a Caridade, e mandou construir um campanário ao lado da capela. Burle Marx cuidou do paisagismo.
     Entre 1960 e metade da década seguinte, a capela declinou até ao completo abandono. Primeiro a pintura deteriorou-se e a construção foi sendo aos poucos coberta por pichações, até ficar, em 1976, com aspecto próximo ao de uma ruína.

 Detalhe da porta da Capela Mayrink vandalizada, em 1977.
Foto acervo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
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     Por providencial exigência do IPHAN, sua restauração foi iniciada em 1977, na administração de Antônio Domingos Aldrighi. Contrariando os interesses da Cúria Metropolitana, mas atendendo a fidelidade histórica quanto ao aspecto original da construção, demoliu-se a sacristia, o porão incorretamente aterrado por Castro Maya foi desobstruído para ventilação, e a capela voltou a receber telhas como as originais. As janelas tornaram ao seu antigo formato, segundo relato constante do catálogo assinado pela coordenadora de cultura do Parque Nacional da Tijuca, Ana Cristina Pereira Vieira. Das intervenções arquitetônicas de Castro Maya, conservou-se somente o campanário.
     Em 2004 a capela recebeu de Carlos Barros a doação de portas de vidro, instaladas na parte externa da porta principal.

Interior da Capela Mayrink.
Foto por gentileza de Rick Ipanema (Ricardo Ramalho), janeiro 2010.

     Ao mesmo tempo que efetuou a correção da data da construção da capela, Ana Cristina Pereira Vieira encomendou ao escultor Baldinir Bezerra da Silva uma imagem da primeira padroeira, Nossa Senhora de Belém, da devoção do visconde de Souto, com 80 cm de altura por 45 cm de base. Agora figuram na capela as suas três padroeiras históricas.
     O pequeno templo, muito bem cuidado neste começo de século, faz jus àqueles que o apontam como um dos mais belos e pitorescos das terras fluminenses. É uma jóia arquitetural a surpreender pela delicada beleza e a encantar os visitantes da Floresta da Tijuca, um precioso legado do visconde de Souto ao Rio de Janeiro.
     (Este artigo é parte do livro Visconde de Souto – Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro Imperial, ainda inédito, escrito pelos autores deste texto, trinetos do visconde)


Referências:

AZEVEDO, Arthur; MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo (org.). Contos ligeiros. Rio de Janeiro: Bloch, 1974. p. 113, 114.
BANDEIRA, Carlos Manes. Parque Nacional da Tijuca. São Paulo: Makron, 1994. p. VIII, 68, 77, 78, 104, 137, 146.
CALMON, Pedro. História do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963. v. 5, ed. 2, p. 1731.
CARVALHO, Ney Oscar Ribeiro de. Bolsa de Valores do Rio de Janeiro 150 anos: a história de um mercado. Rio de Janeiro: MCR, 1995. p. 54.
COELHO, Jacinto do Prado. O Rio de Janeiro na literatura portuguesa. Lisboa: Comissão Nacional das Comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro, 1965. p. 224.
COSTA, Alberto de Sousa. Amor 1.º, o cruel: romance d’uma "carioca". Lisboa: Portugal-Brasil, 1926. p. 39.
FERREZ, Gilberto. Pioneiros da cultura do café na era da independência: a iconografia primitiva do café. Rio de Janeiro: IHGB, 1972. p. 48-49, 56-57, 69, 96.
FRANCO, Gustavo Henrique Barroso. A economia em Machado de Assis: o olhar oblíquo do acionista. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008. p. 135, 165.
GERSON, Brasil. O ouro, o café e o Rio. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1970. p. 153.
LESSA, Francisco de Paula Mayrink. Vida e obra do conselheiro Mayrink (completada por uma genealogia da família). Rio de Janeiro: Pongetti, 1975. p. 130, 204, 206.
MAYA, Raymundo Ottoni de Castro. A Floresta da Tijuca. Rio de Janeiro: Bloch, 1967. p. 30.
MORALES DE LOS RIOS FILHO, Adolfo. O Rio de Janeiro Imperial. Rio de Janeiro: A Noite, 1946. p. 256.
SCHWARCZ, Lília Moritz. O Sol do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2008. p. 267
TAUNAY, Affonso D’Escragnolle. História do café no Brasil: v. 5, t. III. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1939. p. 81-82, 84, 158, 460.
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Páginas digitalizadas da R.IHGB, Rio de Janeiro, a. 173, n. 455, pp 11-300, abr./jun. 2012:

















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9 comentários:

  1. good eveningAymar conde de Gestas has been the grand father of my grand father.
    Infortunately i hardly understand brazilian language.
    could somebody help me ?
    by the way i am looking for picture of fazenda Bela Vista

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  2. the best would be a painting of my ancestor

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    1. Dear Mr. Philippe de Xiristola.
      I am terriblely sorry for my very bad English. Unfortunately I know one only image of Count de Gestas, as you can see in internet. It is not a painting, but probably a drawing. About the farm Fazenda Bela Vista (or Fazenda Boa Vista), it no more exists. That old farm was at that time a coffee plantation; now that place is an urban forest in Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca). The unique preserved building in that place is the Mayrink Chapel (built by order of Viscount of Souto).
      Thank you for your contact. Yours sincerelly,
      Francisco Souto Neto.

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    2. dear M. Souto Neto
      many many thanks for your answer. the ft is that I discover the destruction of former fazenda Boa Vista yesterday ... I feel bad. but thanks to you

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  3. thanks to you we can see the drawing ofthe fazenda.
    My father owns a large painting of young Pedro de Gestas, count Aymar's son : the landscape, behind the boy, represents la floresta de Tijuca. I will check if, maybe, the fazenda could be represented there. And i f you wish, i could send you a photo of the painting.
    I don't know the image of count de Gestas on internet. I searched but could not find it. Could you give me the links ?
    I hope that you don't consider ma as too musch asking ...
    I wish you a merry Chrismas
    Sincerely yours
    Philippe de Gestas

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  4. Dear Mr. Philippe de Gestas!
    Yes, I would like to see that photo of the painting of Pèdre-Marie-Aymar. This is a little paragraph in Viscount of Souto biography: "Em 13 de maio de 1823, Gestas casara-se com Alexandrine Françoise Maria du Plessis Parscault, marquesa de L’Espéroux, que se tornou condessa de Gestas pelo casamento. No dia 17 de abril de 1824, ano em que comprou a ilha do Viana, nasceu o filho Pèdre-Marie-Aymar, o futuro segundo conde de Gestas e marquês de L’Espéroux. Os imperadores foram seus padrinhos de batismo".
    The original image of Count de Gestas is at the Musée National de Châteu de Pau. The link is: http://www.dessinsdepau.fr/html/7/selection/page_notice-ok.php?Ident=D&NoticeId=129&myPos=1
    Et voilà!
    Please ask me whatever you whant, because the history of our ancestors is very interesting.
    May I have your e-mail address? Maybe "in box" through Facebook?
    Happy New Year.
    Sincerely yours,
    Francisco Souto Neto.

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    1. Dear Mr. Philippe de Gestas!
      In this afternoon I localize you at Facebook, and I sent to you my e-mail address to your "drawe" named "Others".
      Sincerely yours
      Francisco Souto Neto.

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  5. Oi!!
    Estou feliz em ler este artigo e espero que o livro já tenha sido publicado.Fico feliz pelo tataraneto do Gestas se emocionar e se reencontrar com a história das pessoas que viveram e ajudaram a construir a cidade do Rio de Janeiro. E o mais legal disso tudo é saber que História é que ganha reconhecimento e que os fatos - datas - reais são aferidas e assim podemos contar de fato histórias reais sobre o que vemos ainda hoje. Lindo trabalho!!! parabéns!!!

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    1. Oi, Zerfas!
      Muitíssimo obrigado por sua mensagem acima, que muito me sensibilizou. Contatos como o seu e o do descendente do Conde de Gestas justificam o trabalho de 7 anos que eu e minha prima Lúcia Helena tivemos na feitura da biografia do Visconde de Souto. O livro ainda não existe, mas finalmente no mês passado a sua proposta foi aprovada pelo MinC para que nos valhamos da Lei Rouanet, e agora entramos na fase da captação de recursos. Minha esperança é de ver a biografia na Biblioteca Nacional e nas principais bibliotecas e Universidades do país, à disposição de leitores e pesquisadores.
      Obrigado por seu estímulo.
      Um grande abraço!

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